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Troca de experiências e saberes dão o tom do 4º Encontro das Licenciaturas do IFTO

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Palestra de Viviane Mosé abordou a importância do ensinar para a vida em sala de aula
por Thâmara Filgueiras publicado: 12/09/2025 07h48 última modificação: 12/09/2025 07h48

Para fazer jus à capital tocantinense da cultura - como é chamado o município de Porto Nacional -, a quarta edição doIMG_1860.JPG Encontro das Licenciaturas do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) foi iniciada com apresentações culturais de importantes artistas da terra. Ao som de clássicos conhecidos pelo público, Dorivan Passarinho e Everton dos Andes deram o tom do evento: leveza com profundidade, que foi reforçado pela apresentação da bailarina e estudante do Campus Porto Nacional Sofia Torres, que fez uma performance ao som da canção "É preciso dar um jeito, meu amigo", de Erasmos Carlos.

Após a condução do Hino Nacional pela banda da Guarda Municipal de Porto Nacional, o sentimento de gratidão pelo sucesso de um evento que tem buscado fortalecer a docência tomou conta do Centro de Convenções Vicente de Paula Oliveira (Comandante Vicentão), na Beira Rio de Porto Nacional. As autoridades que abriram oficialmente o evento deixaram seus agradecimentos pelo envolvimento de tantas pessoas, entre servidoras e estudantes, no sucesso que tem sido o Encontro das Licenciaturas.

Com esse sentimento marcado em suas falas, a pró-reitora de Ensino, Nayara Pajeú, o diretor-geral do Campus Porto Nacional, Albano Dias, o diretor de Graduação, Daniel Marra, e a professora e presidente da comissão de organização local, Ordália Guilherme, ressaltaram a importância do encontro, que tem promovido resultados frutíferos ao reunir estudantes dos mais diversos cursos de licenciatura do IFTO com um só objetivo: fortalecer a educação tocantinense.

IMG_1992.JPGDocência em meio às transformações tecnológicas

O Encontro das Licenciaturas do IFTO busca trazer para o centro do debate questões sociais relevantes que impactam a vida das pessoas e, consequentemente, os processos formais de ensino aprendizagem. Desta vez, o evento focou-se em debater o contexto atual, de um mundo permeado pela tecnologia, que provoca e acelera transformações na sociedade, em que pensar a docência apresenta inúmeros desafios.

Entre eles está - para citar um exemplo - como a inteligência artificial (IA) pode contribuir para o trabalho de professores e o processo de aprendizagem de estudantes? Ou, para ser abrangente, como a tecnologia, em especial a da informação, pode ser vista como aliada, ao invés de uma substituta das pessoas?

Trazendo como tema os "Desafios da docência em um mondo em transformação tecnológica", o evento colocou como objetivo desta edição refletir sobre as questões elencadas acima e mais: saúde mental, aprimoramento de metodologias de ensino aprendizagem, associação de conteúdos didáticos com a socialização de crianças e adolescentes nas escolas, entre outras situações que se desdobram dessas. Para iniciar essa reflexão e os debates, o evento contou com a palestra inaugural "O desafio do sofrimento psíquico no contemporâneo", ministrada pela filósofa, psicanalista, poetisa e professora Viviane Mosé. 

"A vida é contraditória"

As diferentes áreas de atuação de Viviane Mosé, que não se restringem às elencadas acima, já introduzem o quão diversa é a sua abordagem do grande tema Educação. Ao fazer uma perspectiva da própria trajetória enquanto estudiosa, a palestrante abordou algumas das principais mudanças sociais e suas implicações na educação. Questões de acesso à educação, metodologias educacionais, saúde mental de estudantes, respeito às diferenças fizeram parte da profunda conversa que a filósofa teve com seu público, formado, majoritariamente por professores e futuros professores.

Como forma de acolher esses atuais e futuros profissionais da docência, Viviane começou a abordar a questão do sofrimento psíquico por enfatizar a importância de cuidar da saúde mental de estudantes e de professores. "Nós sempre pensamos na saúde mental dos nossos alunos, mas agora é imprescindível pensar também na saúde mental dos professores. Pois só é possível para os professores cuidarem de seus estudantes se eles próprios estiverem bem", afirmou a palestrante.

IMG_2007.JPGA fala está alinhada com a campanha do Setembro Amarelo promovida pelo IFTO: "Eu cuido de mim. Eu cuido de você". Também é um chamado para entender e aceitar que o sofrimento, a dor fazem parte da vida, daí a afirmação da palestrante de que "a vida é contraditória". "Mesmo coisas muito boas que acontecem em nossas vidas não são isentas de sofrimento. Pense em ter um filho: a gravidez, a amamentação, depois, a adaptação da rotina pela família, tudo isso envolve algum nível de sofrimento e, por vezes, dor, mas é algo maravilhoso!", explicou Viviane.

Aceitar essas e as diferenças, de um modo geral, - que, conforme enfatizou a filósofa, é aquilo que define o ser humano - faz parte desse amplo processo que é a vida. "Mas são coisas que não fazem parte da escola, mas devia. A educação, não só no Brasil, mas no mundo é voltada para o mercado. E que vida construímos quando a pessoa cresce, ingressa no mercado - acorda cedo para trabalhar, ganha dinheiro, compra coisas, depois trabalha de novo para ganhar mais dinheiro e comprar mais coisas...?". Essas e outras provocações feitas pela palestrante são para chamar a atenção para que a escola de, fato, contribua para formar pessoas para a vida.

O maior desafio é entender como as pessoas se entendem e se sentem, algo que ela destacou como importante paraIMG_1968.JPG construir mentes que se ligam ao que é essencial à vida. Aos atuais e futuros docentes, Viviane Mosé fez um chamado para que trabalhem os conteúdos didáticos em sala de aula fazendo relação com a vida. "A gente está na escola para ajudar nossos estudantes a viver. A preparação para o mercado de trabalho é só uma parte", ressaltou.

"Saber viver", ressaltou a filósofa, "é saber lidar com as frustações, com as perdas. Porque as perdas estão muito mais presentes na nossa vida do que as vitórias e é preciso que a gente saiba a conviver e a lidar com a dor. Nós vivemos para a expressividade e, por isso, devemos fazer questão de que a nossa escola tenha espaço para a expressão".

Troca de experiências

Seguindo o tom da palestra magna, a programação do evento continuou com espaços para troca de experiências entre professores e estudantes. Além das oficinas e dos minicursos que abordaram temas variados, os espaços dedicados aos relatos de experiências do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) promoveram o tipo de conhecimento de que Viviane Mosé propôs em sua palestra: de conhecimento das diferentes realidades de aprendizagem.

IMG_1975.JPG"O Encontro nos dá a possibilidade de conhecer as linhas de pensamento de outros colegas, de nos integrarmos e partilharmos. De saber que têm estudantes de Letras em outro campus e poder trocar ideias sobre projetos, referenciais teóricos e outras experiências que sejam diferentes", disse a estudante Ana Clara Vidal Batista Pires, do 8° período de Licenciatura em Letras do Campus Palmas.

Ela participou da terceira edição do Encontro das Licenciaturas realizado no Campus Araguatins e fez questão de participar de mais uma edição antes da conclusão do curso, ao final do ano. O sentimento que ela leva é de não estar sozinha. "Esse momento de partilha é tipo, "estou junto com você", não só ali na sala de aula. É ver que poderemos contar com os professores também para a nossa atuação futura enquanto docentes", completou a estudante.

Apesar da experiência acadêmica, Lara Patrícia, estudante do 6º período do curso de Pedagogia do Campus PortoIMG_2046.JPG Nacional, participa pela primeira vez do evento. Ela já atuou em sala de aula como monitora, quando tinha apenas 18 anos. Depois, partiu para uma formação de nível superior na Engenharia Agronômica. De volta à sala de aula, ela é  estudante e bolsista de iniciação à docência e tem tirado proveito dos relatos partilhados no evento. 

"Estou gostando muito do evento. É muito enriquecedor. A gente acaba aprendendo muito com o relato dos colegas", disse a estudante e completou: "Mesmo para mim, que já tenho experiência em sala de aula, participar do Programa faz com que nossos horizontes sejam ampliados, porque temos um direcionamento na prática, junto com professor e os estudantes. Cada etapa tem nos possibilitado novas experiências de aprendizado".

IMG_1833.JPGProgramação 

A programação do 4º Encontro das Licenciaturas continua nesta quinta e sexta-feira, nas próprias instalações do Campus porto Nacional, com palestras, mesa-redonda, oficinas, minicursos e uma programação cultural variada.