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IFTO recebe concessão de primeira patente de invento exclusiva
Propriedade intelectual
A inovação tecnológica permitiu que a descarga dos vasos sanitários, que antes gastava cerca de 12 litros de água, passasse a utilizar a metade disso. Contudo, com as constantes crises climáticas que têm impactado com secas severas o fornecimento de água potável em muitas regiões do Brasil e do mundo, o uso racional desse recurso natural cada vez mais escasso torna-se urgente.
Mas adotar alternativas sustentáveis que sejam, ao mesmo tempo, sanitárias torna-se um desafio. E foi em busca de soluções que o professor do Instituto Federal do Tocantins (IFTO) de Gurupi, Clerson Reis, trabalhou em uma inovação tecnológica que reutiliza a água que sai dos aparelhos de ar-condicionado para alimentar as descargas de mictórios e vasos sanitários.
Embora existam projetos que partam de uma proposta semelhante, o sistema desenvolvido pelo professor apresenta vantagens em relação a outros produtos desenvolvidos com a mesma finalidade, explica Clerson. "Depois de instalado, esse dispositivo torna-se totalmente imperceptível e completamente automatizado, pois não necessita de nenhuma ação humana, além de não utilizar energia elétrica ou mesmo sistema eletromecânico para sua operação", detalhou.
E isso só é possível porque o sistema desenvolvido utiliza a força da gravidade para seu funcionamento, explicou Clerson, que é da área da construção civil. O sistema foi desenvolvido especificamente para edifícios e, além de garantir a economia de água, não possui acréscimo de gastos a não ser o da instalação do próprio sistema. "A população, cada vez mais, tem interesse em edificações mais sustentáveis, ambientalmente falando", enfatizou o professor.
Ele ponderou, ainda, que a dificuldade de operação e os gastos desestimulam a adoção de alternativas nesse sentido, pois, um sistema convencional de reaproveitamento de água precisa ser “operado” por meio de bombas e registros, que tornam o processo bastante desinteressante e inviável para a maioria das edificações. "O diferencial desse sistema é que, depois de instalado, opera sozinho e de forma imperceptível, sem que os próprios usuários saibam que ele está instalado e reutilizando a água que seria descartada no sistema de esgoto da edificação", explicou o professor.
O invento contou, ainda, com a participação e colaboração de estudantes dos ensinos médio e superior do IFTO de Gurupi que cursaram o técnico em Edificações integrado ao ensino médio e o bacharelado em Engenharia Civil. Geysa Martins Lima atuou no projeto enquanto ainda estava no ensino médio e hoje faz o bacharelado em Engenharia Civil.
Hiago Santos Silva foi outro estudante que colaborou para o projeto enquanto estava no curso superior. "Foi uma ótima experiência! Me rendeu até um TCC sobre o assunto", disse o egresso, que há dois anos concluiu o curso de Engenharia Civil no IFTO de Gurupi.
Patente
A concessão da Carta Patente ao IFTO pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) - órgão responsável pela execução das normas que regulam a propriedade industrial no Brasil - ocorreu em um prazo inédito, segundo destacou a assessora de Propriedade Intelectual do IFTO, Siméia Marinho.
Segundo a assessora, a Carta Patente possibilita maior segurança jurídica na procura e formação de parcerias e para a exploração da tecnologia como produto de mercado. No IFTO, a Diretoria de Inovação e Empreendedorismo (Diem), que está ligada à Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (Propi), é responsável por assessorar inventores nos trâmites da exploração direta, licenciamento ou cessão.
Siméia informou, ainda, que o processo tramitou no INPI por pouco mais de dois anos, enquanto o período regular pode levar até seis anos. "Isso foi graças à adesão que fizemos à fila de Exame Estratégico Prioritário para ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia)", acrescentou. Com a concessão da Carta Patente de Invenção, o IFTO passa a ter o direito de explorar o invento de forma exclusiva, em todo o território nacional, pelo prazo de 20 anos.