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Educadoras finlandesas partilham experiências inspiradoras com educadores do Vale do Araguaia
Intercâmbio
Repensar a educação de modo a sair da perspectiva passiva para uma colaboração ativa foi o mote da palestra ministrada pelas educadoras finlandesas Virpi Heinonen e Carita Prokki, da Universidade de Ciências Sociais e Aplicadas de Tampere, Finlândia. O evento aconteceu no Instituto Federal do Tocantins (IFTO) de Paraíso do Tocantins, nesta quarta-feira, 1.
Professores e gestores da educação do Estado e de diferentes municípios do Vale do Araguaia puderam conhecer um pouco da experiência bem-sucedida da Finlândia para a educação, que se baseia na confiança mútua, na qualificação e valorização dos educadores e numa maior conexão com a realidade atual, de jovens conectados à Internet.
O diretor do IFTO/Paraíso do Tocantins, Flávio Eliziário, destacou a participação de educadores da região do Vale do Araguaia nesse momento de troca com as educadoras finlandesas. "Nós atendemos não só o município de Paraíso, mas todos municípios dessa região e por isso a participação desses professores nessa conversa com as educadoras finlandesas é importante. Precisamos trabalhar em cooperação com instituições de ensino de diferentes níveis para melhorarmos a educação no nosso Estado", disse o diretor.
Virpi Heinonen e Carita Prokki destacaram que é importante que o sistema educacional esteja centrado nos estudantes e que os professores identifiquem o que é motivador para as crianças e jovens, estimulando a criatividade inovadora e a busca pelo conhecimento.
Elas destacaram importantes mudanças no sistema educacional finlandês que colocaram o país no topo quando o assunto é educação: valorização do ensino básico; professores altamente qualificados, sendo que todos possuem mestrado; educação colaborativa e ativa, que coloca os estudantes no centro e envolvidos em atividades práticas; foco nas capacidades ao invés de índices, prezando pela qualidade da formação profissional; e uma educação que leva em conta a realidade do século XXI, de crianças e jovens conectados ao mundo digital. "O mundo ao nosso redor mudou e continuamos a reproduzir um modelo de educação de 800 anos atrás. ", ressaltou Virpi Heinonen.
As educadoras realizam esse trabalho de partilhar a experiência de sucesso da educação finlandesa em países da América do Sul e do Caribe e entendem que não é possível para o Brasil, por exemplo, copiar o modelo finlandês como um todo. "Acreditamos que é possível fazer adaptações. Isso pode ser iniciado em pequenas ações, dentro da sala de aula do professor", pontuou Carita Prokki.
O diretor da Regional de Ensino de Paraíso do Tocantins, Neivon Bezerra, destacou como muito positiva a participação desse momento de partilha sobre a educação finlandesa. "O mundo inteiro respeita a Finlândia e não é por acaso. Para nós educadores, termos a oportunidade de socializarmos com os melhores do mundo é uma experiência riquíssima. Compreendemos que são realidades muito distintas, se compararmos com o Brasil, mas sem dúvida podemos ajustar muitas coisas à nossa realidade", disse Neivon.
Para Wallyson Menezes, diretor da Escola Estadual de Araguacema, foi marcante a visão de que a mudança no processo de educação inicia com os professores e de ter em conta as mudanças na sociedade. "Precisamos passar por adaptações na educação. Um melhor preparo dos profissionais é necessário para adequarmos a educação para o século XXI. Eu sou muito confiante que podemos chegar a um modelo de educação diferente do que temos hoje e já é possível ver mudanças, com documentos como a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) que focam nas habilidades", declarou.
Após a palestra, as educadoras finlandesas se reuniram com representantes da equipe gestora do campus e também das prefeituras e secretarias estaduais e municipais de educação para debater possibilidades de formação dos professores do Tocantins na Finlândia.
O evento contou com a tradução da professora Elkerlane de Araujo e da egressa da unidade de Paraíso do Tocantins Jhulia Souto Barbosa, que fizeram a tradução entre as línguas inglesa e portuguesa e do tradutor e intérprete Elandson Pereira, para Língua Brasileira de Sinais (Libras).