"Estou muito feliz hoje, muito emocionada por ele está realizando o sonho dele e o nosso também". Foi com essas palavras e lágrimas nos olhos que a senhora Valdeânia Batista Barros, mãe do estudante Rogério Barros Maciel, 26 anos, descreveu sua emoção sobre a formatura do filho realizada na unidade Palmas, na noite desta quinta-feira, 21. Rogério é surdo e concluiu o curso de Manutenção e Operação de Microcomputadores, na modalidade Proeja. O estudante foi o orador de sua turma e tornou-se assim o primeiro estudante do Instituto Federal do Tocantins a realizar o discurso durante solenidade de formatura em Língua Brasileira de Sinais (Libras) . 

O momento emocionou os presentes e segundo Rogério sua expectativa é que seu exemplo sirva para que outros também possam conseguir realizar seus sonhos.  "Estou muito emocionado, junto com a minha família, começar o ano assim, sendo referência também para a comunidade surda. Sou muito grato ao IFTO. Espero que os surdos também sigam nesse propósito, que não desistam diante das dificuldades. Nossa luta é antiga e que mais surdos possam fazer faculdade e ingressar aqui no IFTO, porque estudar é um direito nosso", declarou acrescentando que pretende realizar o sonho de fazer uma graduação.   

Segundo o estudante o apoio encontrado por ele no IFTO foi crucial. "Sou de Rio Sono. Me mudei para Palmas porque eu não tinha estudo e quando eu fiquei sabendo que aqui no IFTO tinha intérprete de Libras, e eu sabia que seria melhor para  o meu processo, eu resolvi estudar aqui. Agradeço muito aos profissionais intérpretes aqui do IFTO. Procurei outras instituições para saber se tinha intérprete e eu vi que só tinha aqui no IFTO. Consegui fazer minha inscrição e hoje agradeço bastante ao Instituto por ter me dado essa oportunidade. Sou muito orgulho por ser o primeiro aluno surdo da minha turma a se formar", afirmou Rogério que também trabalhou na biblioteca da unidade Palmas.  

Inclusão que orgulha

Para a intérprete de Libras da unidade de Palmas, homenageada pela turma, o momento é inédito e muito importante para a comunidade surda do Tocantins. "A gente acompanha o surdo em todo o processo, desde quando vem fazer a inscrição, a matrícula e no momento das aulas. Fico muito emocionada. É o segundo surdo que forma, mas é o primeiro que é orador da turma e primeiro na modalidade Proeja. Vê essas conquistas que eles têm alcançado hoje é motivo de muito orgulho para todos nós. O IFTO está fazendo história no Tocantins. Ao todo, somos 12 intérpretes de Libras na instituição. Com certeza o IFTO continuará fazendo muito mais pelos surdos", afirmou Alini Alburquerque. A unidade Palmas conta com mais outros dois profissionais intérpretes de Libras. 

O diretor do Campus Palmas, Wendell Costa, falou da importância do momento. "É muito importante para nós enquanto instituição de ensino, principalmente por oportunizar, ao estudante, na sua linguagem, fazer o seu discurso", destacou. O reitor do IFTO, Antonio da Luz Júnior, destacou o trabalho dos intérpretes de Libras da instituição, que com disposição e carinho têm feito a diferença no que diz respeito à inclusão dos estudantes com necessidades específicas. O reitor frisou ainda que é um orgulho para o IFTO tornar possível a realização dos sonhos daqueles que vêem na educação o caminho para transformar sua vida e a comunidade. 

Conclusão de cursos

Outros estudantes também participaram, entre os dias 19 e 22, de solenidades de colação de grau no Campus Palmas. Os cursos concluintes são: Ensino Profissional Integrado ao Ensino Médio, Superior Tecnológico em Gestão de Turismo, Técnico em Guia de Turismo (EAD  Polo Palmas), Técnico em Secretariado, Técnico em Manutenção e Operação de Computadores (Proeja), Técnico em Qualidade em Atendimento (Proeja), Superior Tecnológico em Sistemas Elétricos, Bacharelado em Engenharia Civil, Superior em Licenciatura em Educação Física, Bacharelado em Engenharia Elétrica. Na próxima semana cerca de 200 estudantes do Ensino Profissional Integrado ao Ensino Médio da unidade também participam de solenidades de colação de grau.  

(Por Mayana Matos e Eliane Vieira)